Talvez a explicação para a escolha da carreira de jornalista esteja no seu antigo certificado de datilografia, da Escola Santa Rosa. Com apenas 15 anos, ele se matriculou num curso de datilografia, o que na época era de grande relevância para conseguir um emprego no mercado de trabalho boa vistense. Com a conclusão do curso, em 02 de fevereiro de 1989, poucos dias antes de completar 16 anos, o jovem roraimense se encontrava apto para sua primeira oportunidade de emprego.
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Saudade viva do irmão Feut
Parmênio Citó*
Sentir e viver toda sua inteligência e perspicácia foi sempre um privilégio. Embora não fizesse distinção a quem partilhá-las. Parafraseando Jaider Esbell em seu texto, Feut, como o chamávamos no círculo da amizade, '[…] recusou-se a ir ao encontro do [senso comum], mantendo a nobreza e a refinada inteligência'. Ressalto essas duas qualidades, dentre várias, porque chamaram minha atenção desde nossas primeiras conversas; conversas sobre cultura e arte, principalmente. Nobre era sua maneira de interessar-se pela opinião de quem quer que fosse. Refinamento (aqui não faço distinção inteligência), notado em seu gosto por tudo o que exprimisse uma estética do belo. Me vem à lembrança um momento, bem no início de nossa vivência, que traduz esse sentimento: um ciclo privado de leituras comentadas sobre obras de autores clássicos universais. Foram tardes memoráveis na varanda de minha casa em sua companhia e de um velho amigo, Vinícius Passos, à época professor de literatura na UFRR. Nos sentíamos em sintonia em meio a longas e referenciadas conversas sobre os mais diversos temas: arte, comportamento, decoração, linguagem, literatura, viagem etc.
Feito o registro, me vem à mente sua passagem pela academia. A mim foi dado o privilégio de, sendo amigo, ser também tutor de seu trabalho de conclusão do Curso de Comunicação Social. Não foi tarefa difícil; embora, fácil também não se mostrou. Como domar o texto livre e cheio de detalhes do escritor e tentar enquadrá-lo na linguagem do texto científico? Não podia ser diferente: um texto objetivo, como pedem os manuais técnicos, porém cheio de belas marcas da autoria do escritor artista. Para além dessa vivência direta, pude ouvir sempre elogiosos comentários sobre seu interesse e participação em discussões teóricas, demonstrando uma leitura cuidadosa e crítica.
Penso sempre que um dia poderíamos ser colegas de UFRR, o que tentei que se concretizasse, sem conseguir convencê-lo. Quem sabe ele não quisesse se enquadrar.
Sorte nossa!
*Parmênio Citó, professor da língua inglesa da UFRR.
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